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Ela grita. Estava aterrorizada.
Ela nessa altura tinha mesmo medo dele.
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Ela dizia-lhe "Se eu me viro
e te vejo, não sei como vou reagir."
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E então o Boris disse
"Eu digo-te o que vamos fazer."
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"Olha apenas para o fundo atrás de mim,
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para o dedo mindinho longe da câmara,
que eu sacudo-o."
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"Tu vês o monstro a sacudir o dedo
e já sabes que é o Boris maquilhado."
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Ele sacudiu o dedo, que era um dedo
pequeno comparado com o resto,
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e ela acabou a cena sem problemas.
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O Edward Van Sloan, que representou
o papel do Professor Van Helsing
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em Drácula no palco e no ecrã,
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trouxe uma nota similar de autoridade
moral ao papel do Dr. Waldman.
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Ao lado do Boris Karloff,
a Marilyn Harris, com sete anos,
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fez a representação
mais comovente do filme.
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Queres uma das minhas flores?
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A Marilyn deu-se logo bem
com o Boris Karloff.
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Ela dizia que na manhã em que a equipa
se juntou na Universal
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para irem para o local
da cena no Lago Malibu,
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que havia uma pequena parada de
limusinas e de lá saiu o monstro,
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e ela, com sete anos de idade, correu
para ele, pegou-lhe na mão e disse
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"Posso ir no teu carro?" E o Boris
Karloff disse "Queres, querida?"
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Aqui estava esta criança
que tinha medo da mãe dela,
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mas que adorou instintivamente
o monstro.
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Ela dizia que foi por magia. E a magia
prossegue de facto durante a cena.
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O Karloff protestou contra
o atirar da Marilyn para o lago.
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Ele queria mudar o argumento.
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A ideia do Karloff era que
o monstro mostrasse a sua inocência
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ao brincar com a criança e
daí não vir nada de horrível.
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O James Whale disse
"Faz tudo parte do ritual."
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"Tem de acontecer,
para mostrar a tragédia do monstro."
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Por isso o Karloff é claro que aceitou.
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Mas quando ele agarrou na Marilyn e a
atirou para o lago, ela não se afundou.
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E então o James Whale
foi ter com ela e disse
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"Dou-te o que quiseres
se voltares a fazer esta cena."
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E a Marilyn disse
"Está bem, eu sei o que quero."