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Do outro lado.
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Céus!
Consigo falar outra vez!
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Os braços, por favor.
Os cotovelos.
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Toma.
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Doeu?
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Não, é maravilhoso.
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Há que séculos
que segurava o machado.
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Céus!
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Como ficaste assim?
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Há cerca de um ano...
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...eu estava a cortar
aquela árvore...
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...quando de repente
comecou a chover.
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A meio de uma machadada,
enferrujei.
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E assim fiquei desde então.
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Estás uma perfeição.
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O pescoço.
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Uma perfeição?
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Bate-me no peito
se pensas isso.
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Vá, bate!
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Lindo!
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Que eco!
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Vazio.
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O latoeiro esqueceu-se
de me pôr um coração.
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Não tens coracão?
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Não.
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Sou oco.
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Quem não tem com que se apoquentar
Feliz devia estar
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Mas eu só sinto desgosto
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Porque entendo
Que podia ser humano
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Se Tivesse Coração
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Seria terno, meigo
E muito sentimental
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No amor e na arte
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Seria amigo dos pardais
E do rapaz da fisga
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Se Tivesse Coração
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Imagino
Uma varanda