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Certa meia-noite enfadonha...
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enquanto eu meditava,
fatigado...
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sobre um vasto volume
de lendas esquecidas...
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cabeceando, quase dormitando...
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subitamente ouvi bater...
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como se alguém tamborilasse...
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tamborilasse na porta
do meu quarto.
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"É um visitante,"
murmurei...
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"tamborilando
na porta do meu quarto...
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"é só isso, e nada mais."
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Lembro-me perfeitamente
que era um glacial Dezembro...
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e cada brasa moribunda
projectava no chão...
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uma pálida luz fantasmagórica.
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Ansiosamente desejei a manhã...
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em vão procurei...
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nos meus livros
libertar-me da melancolia...
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melancolia pela perda de Lenore...
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a rara e radiante donzela...
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a quem os anjos chamaram Lenore.
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Agora sem nome, para todo o sempre.
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E o roçar, sedoso e incerto...
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de cada cortinado purpúreo,
arrepiou-me...
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encheu-me de fantásticos terrores
nunca antes sentidos.
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Pois agora, para sossegar
o bater do meu coração...
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fiquei repetindo...
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"É algum visitante tentando
entrar, à porta do meu quarto."
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"Algum tardio visitante tentando
entrar, à porta do meu quarto."