:12:04
Ao descer, pela primeira vez,
a trezentos metros,
:12:07
tive dificuldade em manter a altitude
:12:10
por causa de fortes e inesperadas
rajadas de vento.
:12:15
Concentrei-me totalmente na manobra.
:12:19
Por isso, durante algum tempo,
näo olhei para fora da cabine.
:12:23
Acabei por me embrenhar na neblina.
:12:26
Neblina normal?
:12:28
Näo era uma neblina normal,
:12:31
era como uma suspensäo viscosa,
coloidal,
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que cobriu todas as janelas.
:12:39
A resistência desta viscosidade era täo
grande, que comecei a perder altitude.
:12:46
A neblina ardia, vermelha, no sítio
onde devia estar o Sol.
:12:53
Após meia-hora,
vi-me num espaço limpo.
:12:57
Era um círculo ideal, com várias
centenas de metros de diâmetro.
:13:04
Reparei, de súbito,
que o Oceano mudara.
:13:09
A superfíïcie era agora calma,
quase transparente,
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deixando ver o lodo amarelo do fundo.
:13:20
Ao vir à tona, brilhava,
como que feito de vidro.
:13:26
Depois, fervilhou, espumando
e solidificando-se.
:13:31
Dir-se-ia xarope de açúcar queimado.
:13:35
Desfazendo-se em bolas enormes,
:13:40
formava numerosas figuras.
:13:45
Senti-me de novo puxado pela neblina.
:13:48
Tive que resistir a esta atracçäo
e distraí-me.
:13:52
Quando voltei a olhar para baixo,
:13:53
vi qualquer coisa parecida a um pomar.
:13:57
Um pomar?