Cyrano de Bergerac
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:52:01
Não o és,
pois tens consciência disso.

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Aliás, não me atacaste
como um idiota.

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Ora! Encontra-se sempre palavras,
quando se passa ao ataque!

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É um espírito banal,
o dos militares.

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Mas... diante das mulheres
só sei calar-me.

:52:16
Os seus olhos, quando passo,
têm por mim um carinho...

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E os seus corações...
:52:20
deixam de ter quando tu
lhes deves falar!

:52:22
Não sei falar de amor.
:52:24
Eu saberia, mas para quê?
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Quem, depois de me ver,
me escutaria?

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Poder exprimir as coisas
com elegância!

:52:33
Ser um belo mosqueteiro
que passa!

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Roxane é preciosa, exigente,
galante,

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ser-me-ia necessário ter
eloquência...

:52:42
Eu empresto-ta!
:52:44
Tu emprestas-me encanto físico
e vitorioso!

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E fazemos um herói
de romance a dois!

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- O quê?
- Sentes-te com força para repetir

:52:52
as coisas que todos os dias
te vou ensinar?...

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Tu propões-me...
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Uma vez que receias, sozinho,
arrefecer o seu coração...

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- Mas, Cyrano...
- Christian, queres?

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Metes-me medo!
Os teus olhos brilham...

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- Queres?
- O quê?

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Dar-te-ia tanto prazer?
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Isso divertir-me-ia!
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É uma experiência
para um poeta.

:53:20
Queres completar-me e deixar
que eu te complete a ti?

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Tu avançarás, eu irei
na sombra a teu lado.

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Serei o teu espírito,
serás a minha beleza.

:53:27
Mas a carta que é preciso,
hoje, enviar-lhe!

:53:29
- Nunca eu poderei...
- Ei-la, a tua carta!

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Excepto a assinatura,
não lhe falta mais nada.

:53:33
Podes enviar-lha. Fica tranquilo.
Está bem escrita.

:53:36
Toma. Nós sempre trazemos
nos bolsos

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algumas cartas de amor...
filhas da nossa imaginação.

:53:41
Toma, verás. Toma-a!
Sou muito eloquente.

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- Servirá para Roxane?
- Ir-lhe-á como uma luva!

:53:52
A crença do amor-próprio
é tanta,

:53:55
que Roxane julgará
que foi escrito para ela.

:53:57
Meu amigo!

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