Cyrano de Bergerac
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1:13:00
Tudo isto que vos digo,
estais a ouvir? É excessivo!

1:13:04
Mesmo na minha esperança menos
modesta, nunca esperei tanto!

1:13:09
Só me resta agora morrer!
1:13:15
É por causa das palavras
que digo

1:13:17
que ela treme
entre os ramos azuis!

1:13:19
Sinto o adorável tremor
da tua mão

1:13:21
descer ao longo dos ramos
do jasmim.

1:13:24
Sim, tremo e choro,
1:13:26
e amo-te, e sou tua.
1:13:31
- E tu embriagaste-me.
- Então, que a morte venha!

1:13:34
Essa embriaguez, sou eu,
que a soube provocar!

1:13:39
Não peço senão uma coisa...
1:13:42
- Um beijo!
- O quê? Vós pedis?

1:13:46
Sim... eu...
Vais muito depressa.

1:13:48
Já que ela está tão perturbada,
tenho de aproveitar.

1:13:50
Sim, eu... eu pedi,
é verdade...

1:13:53
Os deuses me ajudem!
1:13:54
Compreendo que fui demasiado
audacioso.

1:13:58
Esse beijo...
não mo concedas!

1:14:00
- Porquê?
- Cala-te, Christian!

1:14:02
Que dizeis em voz baixa?
1:14:04
Por ter ousado ir tão longe,
a mim próprio me repreendo!

1:14:06
Dizia para mim:
Cala-te, Christian...

1:14:09
- Um segundo!
- Consegue-me esse beijo!

1:14:11
Espera!
1:14:16
Onde estais?
1:14:18
Falávamos de um beijo...
1:14:21
- Não.
- Sim. A palavra é suave.

1:14:24
Calai-vos!
1:14:26
Um beijo, afinal de contas,
o que é?

1:14:29
Um juramento feito um pouco
mais de perto,

1:14:31
uma promessa mais precisa,
1:14:34
uma confissão que quer
confirmar-se,

1:14:38
uma letra cor-de-rosa
que se põe no verbo amar.

1:14:41
É um segredo que substitui
a boca pelo ouvido,

1:14:44
um momento de infinito que
faz um zumbido de abelha,

1:14:47
uma comunhão
com gosto de flor,

1:14:50
uma maneira de se respirar
um pouco o coração,

1:14:53
e de se saborear,
na ponta dos lábios, a alma!

1:14:57
Calai-vos, por favor!
1:14:58
Sim, calo-me, senhora...

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