Cyrano de Bergerac
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Fiz doce dos anjos
para ele!

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Deveis saber que ele
não é muito bom católico.

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- Convertê-lo-emos.
- Sim! Sim!

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Proíbo-vos de o perseguir
mais uma vez

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por causa disso,
minhas filhas,

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não o atormentem: ele passaria
a vir menos vezes, talvez!

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Mas Deus...
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Sosseguem.
Deus deve conhecê-lo bem.

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Mas todos os sábados,
quando chega de ar altivo,

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diz-me ao entrar:
“Irmã, comi carne ontem!”

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- Ele diz-vos isso?
- Sempre.

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Mas no último sábado,
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ele não tinha comido
havia dois dias.

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Mesmo morto o amais?
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Por vezes, parece que não
morreu completamente,

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que os nossos corações
estão unidos,

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e que o seu amor flutua vivo,
à minha volta!

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Aí vem Le Bret!
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Ele vem aqui muitas vezes?
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Senhor marechal...
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Chegais muito cedo!
Ele só vem às sete horas.

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- Quem?
- Cyrano.

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Ele! Como está?
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- Mal.
- Mal?

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Ele exagera.
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Tudo o que eu previ:
o abandono, a miséria!...

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Os seus panfletos
que lhe trazem novos inimigos!

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Ataca os falsos nobres,
os falsos devotos,

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os falsos bravos, os plagiadores,
toda a gente!

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Mas a sua espada inspira
um profundo terror.

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Não o lamenteis demasiado,
viveu sem compromissos,

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livre, tanto no pensamento
como nos actos.

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Sim. Eu sei, tenho tudo,
ele não tem nada...

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Mas de boa vontade
lhe apertaria a mão.

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- Adeus...
- Acompanho-vos.

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Sim, por vezes, invejo-o.
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Reparai, quando se triunfou
demasiado na vida,

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sente-se, mesmo sem nada ter
feito de mal,

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mil pequenas mágoas,
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cujo total não perfaz
um remoroso,

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mas um obscuro
constrangimento,

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e os mantos ducais
arrastam no forro,

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enquanto sobem os degraus
da grandeza,

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um ruído de secas ilusões

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