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"Querem provas que as vende?
Deixem-me trazer a massa."
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E eles?
- "Está bem."
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Que é que foi, não foi
o que combinámos ontem?
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Pois, mas isto agora está
a parecer-me arriscado...
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Deixa que te explique tudo.
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Trago duas remessas; a primeira
de dez mil, assim como um ensaio.
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Eles vêem como fazemos.
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Depois, na segunda,
trago o meio-milhão.
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De dinheiro desse
não chego eu perto.
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Não precisas, disse-lhes
que nunca vens tu
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e que nunca sei quem tu mandas.
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Essa foi boa ideia...
- Boa é dizer pouco.
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Da primeira vez eles vêem-me
entregar os dez mil a alguém.
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A quem?
- Sei lá, a um amigo teu.
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Pode ser mulher?
- Se quiseres.
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Estou a pensar numa...
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Mas espera,
se não te fazem nada,
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porque não a trazes
logo toda?
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Porque não confio neles.
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Na ida seguinte,
quando trouxer o meio-milhão,
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vão julgar que eu faço
como da primeira.
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Mas não fazes?
- Não, passo-o a alguém antes.
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E seguem a pessoa errada,
pensando que me traz o dinheiro?
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É essa a ideia.
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Vamos precisar de duas...
- Tratas tu disso?
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Essa parte é fácil.
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Onde ias fazer a entrega?
- Num restaurante do Del Amo.
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E calculo que queiras
uma parte para ti?
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A ideia é minha
e estamos nisto juntos.
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Mas a massa é minha
e não preciso cá de sócios.
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Não sou tua sócia
mas tua empresária.
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Estou a tratar de te trazer
a massa do México para a América,
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isso tudo nas barbas
dos chuis;
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portanto sou tua empresária
e empresários recebem 15%.
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Não, recebem dez.
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Isso são os agentes,
empresários recebem...
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Empresários recebem quinze e agen-
tes dez, portanto eu quero quinze.
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Mas só te dou dez.
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Além do que é costume.