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Achas que um dia as pessoas
que virem o Tibete, no cinema,
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se perguntarão
o que nos aconteceu?
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Não sei.
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Não tens resposta
para todas as perguntas?
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Não...
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... não tenho.
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No mesmo campo onde os tibetanos
se reunem para piqueniques,
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o solo foi desbravado
para construir uma pista
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para que o avião transportando 3
generais chineses pudesse aterrar.
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Perto, o Exército tibetano
está em manobras.
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Alguns soldados usam couraças
primitivas de malha.
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A artilharia é composta
de velhos mosquetes e lanças.
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O espectáculo de uma nação
amante da paz
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tentando em vão organizar
um exército.
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O temor da guerra nos rostos
dos meus amigos
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traz-me memórias pessoais
há muito enterradas,
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Ecos das agressões sofridas
pelo meu pais.
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A vontade de dominar os povos
mais fracos...
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... faz-me envergonhar.
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Estremeço ao pensar que em tempos
aderi ás mesmas crencas.
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Que, em tempos, eu não fui
muito diferente destes...
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... intolerantes chineses.
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Os tibetanos dizem que um inimigo
é o mais sábio mestre
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porque só um inimigo nos ensina
a paciência e a compaixão.
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Crêem com fé inabalável que a sua
religião os protege dos chineses.
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Preparando a visita dos generais,
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celebram-se cerimónias sagradas
por toda Lassa.
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Esculpiram-se divindades
cuidadosamente... com manteiga.
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Á medida que o sol as derrete
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são como um aviso
de que nada perdura.
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O proeminente Ministro
Ngawang Jigme saudou,