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Tenho, sim.
- Eu não tenho.
:38:04
Não esqueça a planta.
- Não esqueço.
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"Passeio porruas desmoronando-se
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"em delapidados esgotos,
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'por entre prédios de que se foge
pois caem-nos em cima.
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"Por entre toscos rostos
que nos medem e condenam,
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'por entre lojas fechadas,
mercados fechados,
:39:04
"cinemas fechados,
jardins fechados, cafés fechados,
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"exibindo às vezes
poeirentos cartazesjustificativos,
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"Fechado para obras,
fechado para renovação...
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"Que género de renovação?
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"Quando termina a tal obra,
a talrenovacão?
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"Quando sequer começa?
:39:27
"Fechado, fechado, fechado,
tudo fechado.
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"Chego, abro inúmeros cadeados,
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"subo a correr
a improvisada escadaria,
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"ali estâ ela, esperando-me.
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"Encontro-a, destapo-a
:39:42
"e contemplo a sua poeirenta
e fria forma,
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"sacudo o pó e acaricio-a.
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"Com pequenas palmadas
limpo-lhe o lombo,
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"a base, os lados.
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"Sinto-me desesperado,
feliz a seu lado,
:39:57
"de frente para ela
passo as mãos pelo teclado
:39:59
"e rapidamente tudo começa.