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tal como o Picasso
não tens a noção da cor.
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Qual foi, Clem?
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O azul,
o predominantemente azul.
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É o azul errado, tem azul a mais?
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Só quero que a arte seja boa,
e ele pouco diz.
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Que é que achas, Ted?
- Interessante, gosto de azul.
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E tu, Alfonso?
- Que o quadro é teu.
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E que o Clem
pode ter ou não razão.
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Achas que pouco diz?
Alfonso, ele pouco te diz?
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Pois já lhe dou remédio.
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Ele está bem?
- Está óptimo.
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Portanto, é o azul
que te incomoda tanto?
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E que mais, vá?
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Podia ter menos cor...
- Vamos lá tirar-lhe cor.
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Está bem melhor.
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Por muito bêbedo que estejas...
- Não estou bêbedo.
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...uma coisa é-te sagrada.
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Não os sentimentos dos outros
ou coisa assim.
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Mas a tua arte.
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Tu não destróis a tua arte.
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Isso é certo.
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Janeiro de 1947