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Não me temas.
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Não tenhas medo.
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Sei que tiveste uma vida dura,
e eu tive uma bastante boa.
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Cómoda, sabes,
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se bem que um tanto fria.
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Bem, imagino-te vivendo
em algum sótão
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próximo de Gerard e Parliament,
vendendo o teu corpo para viver,
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e pensava em pôr-me em contacto,
para talvez me encontrar contigo.
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A tua filha adorada,
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Pauline''
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''P.D. Janet,
a minha mãe adoptiva,
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sorri sem os olhos,
e tem as mãos frias.''
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Realmente espero
que responda, P.
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Quando for velha, carregarei
com ela às costas.
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Nunca a conheceste?
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Os Serviços Sociais
foram buscar-me ao hospital.
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Ela carregou-me um dia inteiro.
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Cada minuto.
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Isso contaram-me.
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Nunca escrevo à minha mãe.
Falamos sempre por telefone.
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Quiçá por isso nunca dizes
o que pensas.
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Não posso dizer-lhe
o que quero, P.
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Como poderia dizer
realmente o que sinto?
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Nem numa carta.
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Digo, como,
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''Querida mãe, odeio-te.
:19:18
Por múltiplas razões.
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A mais recente foi que não deixaste
de falar dos meus dentes
:19:23
na Páscoa em frente de todas
as tuas amigas desagradáveis.
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Queres que eu seja
:19:28
a tua filha adolescente perfeita,
:19:29
e que cresça para ir
a bailes de caridade
:19:32
e ser a concubina
de algum banqueiro.
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Como tu.
:19:38
Mas a verdade é...
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que sou como que viciada em ti.
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Como o chocolate.
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Quero estar sempre
à tua volta.
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Sou como um cãozinho estúpido,
e tu não deixas de reprovar-me
:19:54
os meus dentes
com as tuas palavras,
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e o teu tom.
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E às vezes...