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O cara da recepção contava a ele
se alguém aparecia lá xeretando.
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Ligou logo que viu voce
fotografando o lugar.
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- Voce está me usando.
- Não! Metade é sua!
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Ele sabia do Sammy!
Por que eu contaria a ele?
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Voce conta a todos sobre Sammy.
Todos que ouvem.
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Lembra-se do Sammy?
Lembra-se do Sammy Jankis?
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A história fica melhor
cada vez que voce conta.
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Mente pra voce mesmo pra ser feliz.
Tudo bem, todos fazemos isso.
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E daí se há detalhes
que prefere não lembrar?
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- Que diabos está dizendo?
- Não sei.
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Sua esposa sobrevivendo ao ataque.
Não acreditando no seu distúrbio.
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O tormento... dor e angústia
consumindo-a por dentro.
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A insulina.
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Esse é o Sammy, não eu.
Contei sobre o Sammy.
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Sim, como conta a voce
mesmo repetidas vezes.
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Condicionando-se a lembrar.
Aprendendo pela repetição.
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Sammy deixou a esposa
se matar e foi internado.
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Sammy era um trapaceiro.
Um impostor.
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Nunca falei que
estava fingindo.
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Voce mostrou que ele não
passava de uma fraude.
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- A esposa do Sammy me procurou.
- Sammy não tinha esposa.
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Era sua esposa que
tinha diabetes.
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- Minha esposa não era diabética.
- Tem certeza?
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- Ai! Pare!
-Ela não era diabética!
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Acha que não conheço minha esposa?
Que cacete há com voce?
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Só posso fazê-lo se lembrar
do que quer que seja verdade.
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- Como o velho Jimmy.
- Não é o cara certo.
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Pra voce, era.
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Teve sua vingança.
Aproveite enquanto lembra.
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- Que diferença se é ou não ele?
- Faz toda diferença.
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-Por que? Nunca vai saber.
- Vou, sim. Vou, sim.