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Então, que achas do meu barco?
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É o que chamamos "um valor à vista."
Voilá! Vê com os teus próprios olhos.
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Concebo o meu transporte como
uma extensão da minha personalidade.
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E isto é como a minha
pequena janela para o mundo,
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e, a cada minuto que passa,
o espectáculo é diferente.
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Posso não o comprender,
ou sequer concordar com ele,
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mas aceito-o,
e deixo-me ir na onda.
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Deves manter o equilíbrio,
percebes?
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Ir na corrente.
O mar nunca recusa um rio.
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A ideia é mantermo-nos num estado
de partida e chegada constantes.
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Poupa-se tempo nas apresentações
e nas despedidas.
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A viagem não precisa de explicações.
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Apenas de passageiros.
E é aqui que vocês entram.
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É como se chegassem a este planeta
com uma caixa de lápis de cera.
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Pode calhar-vos uma caixa de oito
ou uma de dezasseis.
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Mas o que conta
é o que fazem com os lápis,
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e com as cores que vos são dadas.
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Não se preocupem muito em pintar
apenas dentro das linhas.
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Pintem fora das linhas.
Ou mesmo fora da página.
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Não me tentem limitar.
O destino é o oceano.
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Não estamos ancorados,
posso garantir-vos.
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Então, onde é que queres sair?
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Quem, eu?
Sou eu o primeiro?
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Não sei.
Posso ficar em qualquer lado.
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Dá-me uma morada,
qualquer coisa, está bem?
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Já sei o que fazer,
passas mais três cruzamentos,
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viras à direita,
andas dois quarteirões,
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e deixas este tipo
na esquina a seguir.
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- Onde é que isso fica?
- Também não sei, mas é em qualquer lado,
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e vai determinar o curso
do resto da tua vida.
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Fora de bordo quem não é de bordo.