Waking Life
anterior.
apresentar.
marcadores.
seguinte.

:37:16
BARULHO E
SILÊNCIO

:37:18
A nossa crítica começa
como começam todas as críticas:

:37:21
com a dúvida.
:37:23
A dúvida converteu-se na nossa narrativa.
:37:26
Na busca de uma história nova,
a nossa.

:37:29
Agarrámo-nos a ela na suspeita de que
:37:32
não poderia ser contada
numa linguagem normal.

:37:36
O nosso passado aparecia
congelado na distância,

:37:38
e cada um dos nossos gestos
:37:40
era uma negação do velho mundo
e um passo em direcção ao novo.

:37:45
A nossa maneira de viver
criou uma nova situação,

:37:47
uma situação
de exuberância e amizade,

:37:50
uma microssociedade subversiva
:37:52
no seio duma sociedade
que a ignorava.

:37:55
A arte não era o objectivo,
mas a ocasião e o método...

:37:57
para localizarmos
o nosso ritmo específico...

:37:59
e as possibilidades escondidas
do nosso tempo.

:38:02
Tratava-se afinal da descoberta
de uma verdadeira comunicação,

:38:05
ou, pelo menos, da procura
dessa mesma comunicação.

:38:08
A aventura de a encontrarmos
e de a perdermos.

:38:11
Nós, os inquietos, os que não aceitam,
continuamos à procura,

:38:13
enchendo os silêncios com os nossos desejos,
os nossos medos e as nossas fantasias.

:38:17
Impelidos pelo facto de não importar
o quanto o mundo nos parecesse vazio,

:38:21
ou o seu estado de degradação
e de desgaste,

:38:25
sabíamos que tudo poderia
ser ainda possível.

:38:27
E, dadas as circunstâncias,
:38:29
um novo mundo parecia-nos
tão provável como um velho.

:38:36
PARA COMEÇAR DE NOVO...
DO COMEÇO

:38:48
Existem dois tipos de sofredores no mundo:
:38:51
os que sofrem por falta de uma vida...
:38:53
e os que sofrem pelo facto
de a viverem demais.

:38:57
Acho que me inseri sempre
na segunda categoria.


anterior.
seguinte.