Waking Life
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Os melhores filmes são os que não estão
amarrados a esta concepção.

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Por isso... bem, não sei...
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Toda essa treta narrativa me parece...
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É óbvio que há narratividade
no cinema porque está num tempo

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do mesmo modo que há
narratividade na música.

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Não pensas na história da canção
para depois a ires compor.

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Ela tem de ter origem no momento.
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Tal como o filme.
É apenas aquele momento, sagrado.

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Tal como este,
também é sagrado.

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Mas nós passamos-lhe ao lado
como se o não fosse.

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Passamos ao lado, como se
não houvesse qualquer...

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... qualquer momento sagrado.
- Exacto. É isso.

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E o filme deixa-nos ver isso.
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Podemos pará-lo ali para dizer,
"Ah, este momento. Sagrado."

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Ou "sagrado, sagrado, sagrado,"
a cada momento.

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Mas quem conseguirá viver assim?
Quem poderá ir por aí, "Uau, sagrado"?

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Porque se eu fosse a ver-te como sagrado...
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Não sei. Talvez nem fosse capaz de falar.
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Bem, estarias no momento.
O momento é sagrado, não é?

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Sim, abrir-me-ia.
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Fitaria o teu olhar e choraria...
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e sentiria todas essas coisas,
e isso não seria correcto.

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Provocar-te-ia algum desconforto.
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Também poderias desatar a rir.
Porque havias de começar a chorar?

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Bem, talvez...
não sei.

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É que sou mais de chorar.
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Muito bem...
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Vamos fazê-lo agora.
Vamos ter um momento sagrado.

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- É tudo uma questão de camadas, não é?
- Claro.

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Há o momento sagrado
e depois há a consciência

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de o tentar ter...
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do mesmo modo que um filme
é o momento actual a acontecer de facto,

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mas com a personagem a pretender
estar numa realidade diferente.

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São estas camadas todas.

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