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"Nesta ponte", avisa Lorca,
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"a vida não é um sonho.
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"Cuidado e cuidado e...
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cuidado."
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Há tantos a acreditar que,
porque acontece o "então",
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o "agora" não existe.
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Mas não disse eu que o "uau" contínuo
está a acontecer neste momento?
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Somos todos co-autores
da exuberância desta dança...
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onde até a nossa falta de habilidade
se diverte.
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Somos os autores de nós próprios,
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a criar uma novela gigantesca
de Dostoievsky acerca de palhaços.
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Tudo aquilo em que estamos
envolvidos, e a que chamamos mundo...
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é uma oportunidade de demonstrar
como a alienação pode ser estimulante.
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A vida é uma espécie de milagre
recolhido no tempo...
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em momentos cheios de perplexidade
por serem postos frente a frente.
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O mundo é um exame para ver se nos
conseguimos elevar às experiências directas.
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A visão está presente a testar
se conseguimos ver para além dela.
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A matéria é um teste à nossa curiosidade.
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A dúvida um exame à nossa vitalidade.
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Thomas Mann escreveu que
preferia participar da vida...
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a escrever uma centena de histórias.
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Giacometti, uma vez,
foi atropelado por um carro,
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e lembrava-se de ter tido
um desmaio lúcido,
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e um prazer repentino,
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ao perceber que, finalmente,
algo lhe estava a acontecer.
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Pressupõe-se que não se é capaz de
compreender a vida e viver ao mesmo tempo.
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Não concordo inteiramente,
nem estou propriamente em desacordo.
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Diria que uma vida compreendida
é uma vida vivida.
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Mas os paradoxos incomodam-me,
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e posso aprender a amar
e a fazer amor...