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como se levitasse
até ao tecto.
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E, quase a atravessar o telhado, digo:
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"Está bem. Pronto. Eu acredito.
Ponha-me no chão, por favor."
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Comecei a descer, e, quando
os pés estavam quase a tocar o chão,
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o vidente vira-se para
uma mulher de vestido verde.
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E a mulher era Lady Gregory.
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Lady Gregory era a patrona de Yeats,
uma irlandesa.
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E apesar de nunca ter visto
nenhuma imagem dela,
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tive a certeza de que aquela
era a cara de Lady Gregory.
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Caminhávamos os dois, e
Lady Gregory vira-se para mim e diz,
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"Deixa-me explicar-te
a natureza do universo.
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"Philip K. Dick tem razão acerca do tempo
mas não em estarmos em 50 d. C.
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"Na verdade há apenas
um instante, que é este.
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"É a eternidade.
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"É o instante em que Deus põe a questão.
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"E a questão é, essencialmente,
'Queres ser...
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"ser uno com a eternidade?
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"Queres entrar no paraíso?'"
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"E todos nós dizemos, 'Não,
obrigado. Ainda não.'"
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Assim, o tempo
é esta recusa contínua...
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ao convite de Deus.
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O tempo é isso.
Nem 50, nem 2001 d.C....
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Apenas este instante,
e é nele que estamos sempre.
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E então ela diz-me que, na verdade,
esta é a narrativa da vida de toda a gente.
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Que por detrás de toda a diferença,
não há senão uma história,
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a história do movimento
entre o "não" e o "sim."
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Toda a vida é,
"Não, obrigado. Não, obrigado."
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para finalmente ser,
"Sim. desisto.
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Sim, aceito.
Sim, entrego-me."
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É esta a viagem.
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Então todos chegam
ao "sim" no final, não é?
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Claro.
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E continuámos a andar,
e o meu cão veio a correr ter comigo.
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Ponho-me a fazer-lhe festas, muito
contente de o ver. Morreu há anos.
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Estou-lhe a fazer festas
e então apercebo-me...
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que uma porcaria qualquer
lhe está a sair do estômago.
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E olho para Lady Gregory,
e ela está como que a tossir.
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Olha-me tipo...
"Oh! Desculpe-me."