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"Meu querido, meu querido:
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Disseram-me que estás muito
doente.
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Talvez não devesse, perturbar-te
nestes momentos...
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com memórias inoportunas...
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mas acho que há algo, que finalmente,
tenho que dizer-te.
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Dirás que devia ter-te dito
há 20 anos atrás...
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mas não pude ou não quis.
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Tens uma filha...
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que está bem e está casada...
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e é mãe de um menino
muito bonito.
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Envio-te a sua foto.
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Verás que se parece
com os seus pais...
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que não os reconhece como
seus pais.
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Quando disse naquela sessão que me
tinhas convertido numa assassina...
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falava da pobre Blanche,
cuja morte atormenta-me diariamente...
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e pensei: "Deixa-o acreditar nisso...
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se me conhece tão pouco.
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Tinha um receio secreto, já verás.
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Tinha medo que quisesses levá-la,
tu e a tua esposa, como sendo vossa filha.
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Mas não a podia deixar ir".
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Aqui!
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Por isso escondi-a de ti...
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e a ti dela.
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Ama profundamente os
seus pais adoptivos.
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A mim não me ama.
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O meu castigo é viver com eles em
Seal Court e vê-la crescer.
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Estive zangada muito tempo...
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com todos nós...
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e agora, no final...
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penso em ti novamente com amor.
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Nós não...?
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Por acaso não me incendiaste
e eu não ardi?
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O amor que tivemos...