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Vês todas essas vidas roubadas,
vozes enlatadas.
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Milli Vanilli por toda a parte.
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Olhas para todas essas coisas
que não podes comprar,
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que agora nem sequer queres comprar.
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Todas essas coisas que continuarão
aqui quando te fores.
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Quando estiveres morta.
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E descobres que todas as coisas
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que estão nas montras brilhantes,
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todos os modelos dos catálogos,
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todas as cores,
todas as ofertas especiais,
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todas as receitas da Martha Stewart,
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todos os montes de comida gordurosa,
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só aí estão para tentar afastar-nos
da morte.
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Mas não funciona.
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Portanto, acontece que ela amava
tanto a sua filha.
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que não lhe disse que era sua mãe,
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porque ela não...
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pensou que isso seria melhor,
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os pais do rapaz teriam
mais facilidade em aceitá-la
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e o rapaz pedi-la-ia em casamento,
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o que seria o que
ela mais desejava no mundo.
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Mas foi um enorme sacrifício.
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E ela sofreu muito.
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Mamã, a avó contou-nos
uma bela história sobre uma mãe
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que tinha muitas coisas más
a acontecer-lhe e é mesmo triste.
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Meu Deus, que invulgar.
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Dei-lhes banho
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e a Penny comeu três rabanadas de banana
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e a Patsy bebeu algum leite.
Ultimamente não o queria provar.
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A historia da avó é um filme, mamã.
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E ela diz que gostou muito.
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- A sério?
- Sim. Joan Crawford.
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Joan Crawford? Muito bem!
Ok, vamos lá meninas.
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Patsy, pousa isso.
Patsy, nós já vamos.
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Só queria mantê-las ocupadas, sabes,
para que não vissem tanta televisão.
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Para a próxima vou manter
a minha boca fechada.
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Mamã, não quero ir para a escola amanhã.
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- Não quero.
- Eu sei, eu sei.
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Eu agradeci, está bem?
Portanto deixa lá isso.
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- Não preciso dos teus agradecimentos.
- Certo, então levo-os de volta.
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Tudo o que fiz foi olhar pelas tuas filhas
enquanto fazias as tuas compras
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Tu é que me pediste.
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Sim, eu pedi-te.
Não te pedi para lhes encheres a cabeça
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com histórias estúpidas de mães
que fazem sacrifícios absurdos.