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- Faz um ano que não te vejo.
- Viste sim.
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Mas só porque você ficas
a espreitar-me
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em frente do meu estúdio.
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Eu não espreito, eu observo.
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E quando não estou lá,
ficas à minha procura.
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- Como sabe se não estás lá?
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- Porque estou lá,
observando à distância.
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Olha para mim.
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Diz-me que não estás
apaixonada por mim.
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Não estou apaixonada por ti.
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Acabas-te de mentir.
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Eu sou o seu estranho.
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- Alô, estranha.
- Alô.
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Conversa intensa?
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O pai dele morreu.
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Estava a espiar?
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Observando de forma adorável,
com um telescópio.
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Ele é alto na sua foto.
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A foto dele é só da cabeça.
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Sim. Sei. Mas sua
cabeça implicava um
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corpo pequeno,
sua cabeça engana.
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- Engana?
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- Sim, ele de fato
tem um corpo longo.
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Eu podia dar conta dele.
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O quê?
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Se caíssemos na porrada,
eu arrebentava com ele.
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Disseste-Ihe que o chamamos de cupido?