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E ainda me dizem para ser honesto.
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- Quem é honesto?
- Eu. Eu.
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Eu sou honesto naquilo que leio!
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Como é que se sabe se é autobiográfico,
ou se é sobre mim ou não?
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Para mim, as histórias
autobiográficas, neste
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momento da minha vida, são chatas.
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Dizer uma coisa quando, na verdade, se
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quer dizer outra.
É importante ser
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fiel a si próprio. Não digo que se deva
ser auto-analítico sobre tudo.
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- Não ter medo.
- Não ter medo!
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Almocei com o Jimmy Baldwin outro dia.
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- Como é que ele é?
- É um homem adorável.
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Falou-me sobre o seu novo livro.
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Disse-me:
"Só quero ter certeza de que
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"não é um daqueles romances problemáticos."
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Respondi-lhe: "Jimmy, o teu romance
é sobre um negro homossexual
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"que está apaixonado por um judeu.
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"Não dirias que isso é um problema?"
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Ele começou-se a rir,
porque sabia que eu tinha razão.
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Se se escrever algo desse género,
ao menos que se seja honesto!
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Que se seja apenas honesto?
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Não acho, na verdade, que tenha
que se ser honesto.
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Mas não pergunte a um branco
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do Sul, se o seu livro, sobre um negro
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amantizado com um judeu,
sendo ambos do mesmo sexo, é um problema.
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Quem é que pergunta isso?
"Não, Jimmy, não é um problema.
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"Acho que todos gostam muito desse tema."
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- E você? Já alguma vez fez o mesmo?
- Eu não sou tão controverso.
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Não sou, não sou!
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Não sou assim tão controverso!