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O monstro era protagonizado por
um actor chamado Thomas Potter Cooke,
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que era no séc. XIX o equivalente ao que
o Boris Karloff se tornou no séc. XX.
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Ele ficou marcado
por fazer de monstro em Frankenstein
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em todo o tipo de reposições
dessa peça, e em outras peças.
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A produção teatral que mais
influenciou o filme da Universal
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foi a versão escrita
em 1927 por Peggy Webling
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e produzida pelo actor e empresário
britânico Hamilton Deane.
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O próprio Deane fez de monstro.
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O historiador de cinema
e ex-actor lvan Butler
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pertencia à companhia do Deane.
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E ele teve de confiar inteiramente,
é claro, na maquilhagem de palco,
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que era bastante eficaz.
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Misturas de verdes, amarelos e azuis.
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E uma cabeleira atapetada em cima.
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Ele era tão alto como eu,
e usou estribos debaixo dos sapatos
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para o tornar ainda mais alto,
e ele parecia enorme.
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O Hamilton Deane na produção teatral
estava aliás vestido -
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ele era o monstro, a criatura -
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de modo muito semelhante ao
Henry Frankenstein, o criador.
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Eles vestiam-se de modo semelhante,
e mais uma vez era a imagem ao espelho.
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Nos finais do séc. XIX, inícios do séc.
XX, tornou-se moda interpretar o romance
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de modo a que o Victor Frankenstein
e o monstro fossem como o Yin e o Yang,
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as faces opostas da mesma moeda,
o Jekyll e o Hyde.
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Eles eram basicamente
a mesma personagem.
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O Deane fez o Frankenstein em repertório
com a sua produção de Drácula,
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a qual serviu de base ao filme da
Universal protagonizado pelo Bela Lugosi.
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Mas ao contrário de Drácula, o monstro
em Frankenstein era simpático.
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Havia como que um toque de pathos
em relação ao monstro.
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Ele incutia compaixão.
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Ele não pediu que o trouxessem
ao mundo, e ali estava ele.
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E por causa do aspecto dele,
que não era culpa dele,
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onde quer que fosse ou o que fizesse, as
pessoas tinham medo dele.