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que o meu pai tentava
transmitir com o seu papel,
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que era que aquele monstro, ou a
criatura, como ele preferia chamar-lhe,
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era uma vítima,
mais do que um criminoso.
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E as crianças pareceram entender
isso instintivamente, dizia ele.
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Elas não tinham medo dele
e não tinham medo da criatura.
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O monstro do Frankenstein
é totalmente inocente.
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Ele assemelha-se mais a um adolescente.
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Ele vive num mundo que
não é uma criação sua
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e de que ele não entende
completamente as regras.
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E, como muitos adolescentes,
ele é tosco e muito desajeitado,
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por isso é claro que as crianças
por todo o mundo
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se ligaram ao monstro do Frankenstein,
em particular ao do Boris Karloff,
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porque elas podiam ver a inocência
inerente, podiam ver o pathos,
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ver que o monstro do Frankenstein se
assemelhava a uma criança como elas.
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O público muitas vezes
confunde o nome do Frankenstein
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com aquilo que ele cria,
e possivelmente com razão.
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Parece que o James Whale
andava fascinado
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com a interdependência
dramática das personagens,
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de acordo com o historiador
de cinema Paul Jensen.
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O filme resulta,
pelo menos parcialmente,
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porque o realizador simpatizava
com aquelas duas personagens.
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E não consigo deixar de pensar
que estas duas pessoas são,
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cada uma delas,
um versão do James Whale.
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Para Whale, um artista autodidacta, que
superou a pobreza e a incompreensão,
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a história da luta criativa do Frankenstein
pode ter tido uma ressonância profunda.
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Whale amava o palco e o teatro.
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Ficamos com esta impressão,
mas o diálogo clarifica-a ainda mais.
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Quando o Henry diz:
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Uma cena bem boa, não é?
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Um homem doido e
três espectadores muito sãos.
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Toda a ideia de se estar num cenário de
palco e de ele ser o seu orquestrador,
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o Whale salientou
ou encontrou na situação