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podem revelar o estilo de trabalho
e o talento do realizador
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de um modo inesperado, se olharmos
cuidadosamente para essas cenas.
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Uma dessas cenas no Frankenstein,
para mim, é a primeira cena de diálogo,
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aquela entre o Victor e a Elizabeth
em que estão a falar sobre o Henry.
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É uma cena passiva.
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Então o que é que o Whale faz para
tentar torná-la viva ou dar-lhe vida?
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Observem essa cena porque,
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não só começa com quatro grandes
planos - o que já de si é invulgar -
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em vez de um plano geral com todos,
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temos um grande plano
duma fotografia emoldurada do Henry,
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grande plano da criada, grande plano do
Victor, grande plano da Elizabeth,
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e só depois um plano geral
com todos.
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Tivemos de perceber o que estamos a ver
e como esses planos se combinam.
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Somos envolvidos porque temos de
relacionar mentalmente esses planos.
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É assim uma cena que podia ser
desperdiçada por um realizador inferior
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mas que é transformada numa cena
altamente visual e cinematográfica.
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O último terço de Frankenstein
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é a parte em que pelo menos o enredo
tem os seus momentos mais fracos.
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Acontecem coisas que
temos simplesmente de aceitar à letra
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e assumir que são assim,
porque não são explicadas.
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E aceito isso de boa vontade.
Há pequenas artimanhas.
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O Dr. Waldman foi
assassinado na torre.
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Quem é que encontra
o corpo do Dr. Waldman?
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Nunca ninguém parece subir àquela torre.
Quem o encontrou?
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Mas ela foi assassinada.
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Como é que o pai da menina
sabe que ela foi assassinada?
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Tudo o que ele percebeu de facto
é que ela se afogou.
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Mas temos de aceitar isso.
Isso não me incomoda em particular,
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porque aceito que isso se faça
para a história avançar.
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Mas a cena em que o Henry
fecha a Elizabeth à chave no quarto