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algo que creio que outros realizadores
não se teriam importado ou reconhecido,
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e que é algo que nos permite aceder ao
seu próprio sentido de exibição,
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de apresentação, de teatralidade.
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Um dos discursos mais eficazes e
pessoais foi acrescentado na produção,
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e foi possivelmente escrito
pelo próprio Whale.
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Onde estaríamos se ninguém tentasse
descobrir o que está para além?
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Nunca quis olhar para além
das nuvens e das estrelas?
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Ou saber o que leva
as árvores a germinarem
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e o que transforma
a escuridão em luz?
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Mas se falarmos assim,
as pessoas chamam-nos doidos.
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Talvez o Whale o escrevesse,
talvez não - não sei.
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Mas não estava no guião das filmagens.
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Mas é uma das cenas mais
importantes no filme.
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O Whale deve ter querido que ficasse lá,
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e é aí que este lado
do Henry ganha expressão.
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Às vezes acho que as cenas que não
contêm a acção mais dramática
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podem revelar o estilo de trabalho
e o talento do realizador
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de um modo inesperado, se olharmos
cuidadosamente para essas cenas.
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Uma dessas cenas no Frankenstein,
para mim, é a primeira cena de diálogo,
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aquela entre o Victor e a Elizabeth
em que estão a falar sobre o Henry.
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É uma cena passiva.
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Então o que é que o Whale faz para
tentar torná-la viva ou dar-lhe vida?
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Observem essa cena porque,
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não só começa com quatro grandes
planos - o que já de si é invulgar -
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em vez de um plano geral com todos,
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temos um grande plano
duma fotografia emoldurada do Henry,
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grande plano da criada, grande plano do
Victor, grande plano da Elizabeth,
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e só depois um plano geral
com todos.
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Tivemos de perceber o que estamos a ver
e como esses planos se combinam.
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Somos envolvidos porque temos de
relacionar mentalmente esses planos.
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É assim uma cena que podia ser
desperdiçada por um realizador inferior