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Ridículo.
Uma minhoca a rir-se para o sol.
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Porque não?
- Uma minhoca não ri.
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Testou o sentido de humor delas?
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Claro que não.
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Mas não tem qualquer sentido.
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A poesia tem que ter sentido?
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Nunca ouviu falar
em licença poética?
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Espere aí. Eu não lhe dei licença.
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Não dê.
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O que está a acontecer
ultrapassa-nos.
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Por enquanto, estou a aproveitar
do sentido da vida.
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Tanta energia gasta!
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Qual é essa coisa
que nos faz continuar a viver?
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Está certo.
Qual é a razão de isto tudo?
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Onde vamos nós?
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Vai para sul,
com a mão no meu bolso.
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Malandra...
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Como chegou até aí?
- Puro magnetismo.
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Porque é tão antagónico comigo?
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Temos que ser sérios?
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É difícil entendê-lo.
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Leia as minhas memórias.
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Você é muito engraçado.
- Como?
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Ao falar assim das minhocas.
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Porque não?
Até as moscas são românticas.
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As moscas?
- Sim.
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Nunca as viu chegar até às mesas,
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voar atrás umas das outras
no açúcar e na manteiga?
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Alguma vez leu "Vida da Abelha"?
- Não.
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A vida da abelha
vai de bulha na bolha.
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Ai é?
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Santinha!
- Isso sim.
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Perdão?
- Nesse traje, parece uma santinha.
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Tanto pó, querida,
tanto pó. Vir-se.
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Mas onde a guardam?
Na prateleira de cima?
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Pó talco? Não. Óleo?
Já sei: açúcar!
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Já pensou nisso?
O motivo da vida é o amor.
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Que lindo!
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Não é nada.
- Claro que é.
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Ao contrário, é baixo, horrível...
mas maravilhoso!
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Gosto muito de si.
- Sim?
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É sensível, sabe sentir as coisas.
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Não me incite.
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É verdade. Poucas pessoas
têm a capacidade de sentir.