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Não quero saber quem és, que és
ou o que dizem acerca de ti...
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mas quero ouvir dos teus próprios
lábios que não és um traidor,
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que não chefiarias
uma revolta desta gente contra mim.
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Diz-me, Moisés. Eu acreditar-te-ei.
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Não sou o salvador que temes.
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Seria preciso mais que um homem
para libertar os escravos.
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Seria preciso um deus.
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Mas se eu os pudesse libertar,
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fá-lo-ia.
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Que te fez voltares-te contra mim?
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Desde que a minha irmã te trouxe
para a corte que te amei,
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te criei com o meu próprio filho,
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porque vi em ti...
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um valor, uma grandeza
superior à dos outros homens.
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Nenhum filho
te poderia amar mais que eu.
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Então porque
me obrigas a destruir-te?
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Que força do mal te fez isto?
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O mal que faz os homens transformarem
os seus irmãos em bestas de carga,
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para que sejam escravos
e sofram em silenciosa angústia.
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Tolhendo-lhes o espírito,
a esperança e a fé,
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apenas por serem de outra raça,
e de terem outro credo.
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Se há realmente um Deus,
ele não quis que assim fosse.
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O que fiz, vi-me obrigado a fazer.
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Assim seja.
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O que faço agora...