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Ninguém teve de pensar
duas vezes a não ser você.
:12:03
Deixe-me perguntar-lhe uma coisa:
acredita na história dele?
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- Não sei. Talvez não.
- Então como é que vota inocente?
:12:11
Houve onze votos em culpado.
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Não é fácil levantar a mão e mandar um
miúdo para a morte, sem falar antes sobre isso.
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- Quem disse que era fácil?
- Ninguém.
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O quê? Só porque eu votei depressa?
Eu acho honestamente que o tipo é culpado.
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Não me fazia mudar de ideias
nem que falasse durante 100 anos.
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Eu não estou a querer que
mude de ideias. É só que...
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Trata-se da vida de alguém.
Não podemos decidir em 5 minutos.
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- Suponham que estamos enganados?
- Suponham que o prédio me cai em cima.
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- Podemos supor qualquer coisa.
- É verdade.
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O que interessa o tempo que leva?
Suponhamos que levamos 5 minutos. E daí?
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Levemos uma hora. O jogo
não começa antes das 8.
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- Quem tem alguma coisa a dizer?
- Eu estou disposto a estar aqui uma hora.
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- Óptimo, ouvi uma muito gira ontem à noite...
- Não é para isso que aqui estamos.
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Muito bem, então diga lá você.
Estamos sentados aqui para quê?
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Não sei. Talvez sem motivo.
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Ouçam, o miúdo foi
maltratado a vida toda.
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Nasceu num bairro de lata,
órfão de mãe desde os nove.
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Viveu um ano e meio
num orfanato...
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quando o pai cumpriu
sentença por falsificação.
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Não é um bom começo de vida.
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É um miúdo selvagem e revoltado.
Sempre foi assim. E sabem porquê?
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Porque levou na cabeça
todos os dias.
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Viveu 18 anos miseráveis. Acho que
lhe devemos umas palavras, só isso.
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Deixe-me dizer-lhe isto. Nós não lhe
devemos nada. Ele teve um julgamento justo.
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Quanto acha que custa este julgamento?
Ele tem sorte em ter um. Está a perceber?
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Ouça, somos todos adultos aqui.
Ouvimos os factos, não ouvimos?
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Não me vai dizer que devemos acreditar
no miúdo, sabendo nós o que ele é.
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Eu vivi entre eles
a minha vida toda.
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Não podemos acreditar numa palavra deles,
bem sabe. Eles nascem mentirosos.