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E, portanto,
a Gabby dos olhos grandes,
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que veio para Paris
para viver,
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saiu-me uma espia da polícia.
Uma informante.
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Uma chiba comum.
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Nao, Rick, nao diga isso!
A culpa é do Gillette.
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Como o detesto.
É inexorável!
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Nao olhará a meios
até descobrir o seu paradeiro.
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Nunca se perdoará
pelo que ocorreu em Tânger,
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ou, no ano anterior, em Hong Kong.
Está obcecado consigo.
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É um Capitao Ahab obeso,
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que o busca a si, a sua Moby Dick.
A sua baleia branca.
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- E você?
- Eu?
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Nao sou nada. Uma criatura da rua
com um longo cadastro.
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Libertou-me para fazer de mim
a irresistível isca
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contorcendo-se no anzol
que preparou.
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Se eu nao lhe sacar
o plano que tem elaborado,
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passo a doloroso passo,
ao longo do último ano,
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a minha vida, bem,
finda-se.
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Voltarei para trás das grades,
a ver as guardas de uniforme,
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nao mais Gabrielle, ou Gabby,
mas apenas um número.
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Se, contudo,
tiver sucesso...
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Se tiver sucesso?
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Liberdade!
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Que tem de fazer, exactamente,
para obter o plano?
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O necessário.
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- O necessário?
- O necessário. Nao é difícil.
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Também sou
uma profissional altamente paga.
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Talvez nao tanto como você, mas,
ainda assim, uma profissional.
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Somos iguais.
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Nao há razao para sermos inimigos.
Talvez possamos ser...
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amigos.
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Talvez...
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Os seus corpos,
movendo-se como um só,
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rolam como vagas turbulentas
quebrando-se numa praia inexplorada.