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-Afinal de quem é esta casa?
-Esteja calado, pai.
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Muito bem, 50 metros quadrados.
Que fazem às minhas coisas?
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-Estão a ser guardadas.
-Estão a ser roubadas.
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Só um minuto.
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-Onde arranjou isto?
-Tirei de uma vedação.
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Disse-lhes quem era.
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O velho foi hostil. A rapariga foi
cautelosa.
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O meu irmão...
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...pareceu muito contente.
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Acho que a rapariga foi a única
que percebeu a situação.
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És tal e qual como te imaginava.
És a minha consciência política.
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Perguntei-lhe se não tinha uma dele...
e falámos da Revolução.
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Põe-se a vida numa mesa e corta-se
os tumores da injustiça.
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Disse que devia aderir ao Partido,
se pensava assim.
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Cortar os tumores da injustiça
é uma operação complicada.
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Alguém deve manter a vida enquanto
se faz isso. Vivendo. Não é assim?
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Nessa altura achava que ele
estava errado.
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Disse-me o que pensava do Partido
e tremi por ele.
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Aprovava-nos, mas, por razões
muito subtis, como os seus poemas.
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Essa aprovação poderia desvanecer-se.
Foi o que eu lhe disse.
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Não posso aprovar hoje uma coisa
que podem fazer amanhã.
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Andava com uma corda ao pescoço
e nem sequer sabia.