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Sei que pensa que sou louca. Seja eu
ou algo além de mim, não importa mais.
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- Vai ficar em casa e ser vitimada?
- Sim. Sim.
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Ficarei em casa. Verei você. Vou à escola
de secretariado e procurarei um emprego.
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Mas não irei para um hospital.
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- E será surrada e...
- Não. Não.
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Não? Por que não?
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Porque vou cooperar com ele.
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Carla, você é uma mulher muito inteligente.
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Sempre escuta a razão,
agora vou usar a razão.
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Chega de perguntas e respostas, sim?
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Houve tempos em que as pessoas
acreditavam no sobrenatural.
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Quero que veja estas figuras.
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Bem assustadoras, não são?
Morcegos, lobisomens, dragões, demônios...
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Todo tipo de duende, certo?
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Supostamente abusavam
das pessoas sexualmente,
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engravidavam as pessoas.
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- Acha que essas coisas existem?
- Não sou estúpida.
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Não disse que era. Mas por que acha
que as pessoas as viam?
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Por que acha que elas as viam?
Quer dar um palpite?
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Sabe por quê? Era uma maneira
de expressar algo que as assustava.
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- Não tem nada a ver comigo.
- Tem muito a ver com você.
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- Não tem nada a ver comigo.
- Tem muito a ver com você.
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Tem tudo a ver com você.
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Esses fantasmas e demônios eram apenas
idéias, mas as pessoas os viam.
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Vamos dizer que um homem que queria
ser bom desejava a mulher do vizinho.
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Ele sabe que é errado, sente-se horrível
por isso, mas o desejo só cresce.
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Desejo pode ser algo assustador.
Como ele lida com isso?
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Ele inventa uma criatura.
Uma criatura má, feia,
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que é apenas a figura de seu desejo, Carla.
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- Não tenho carência de inventar nada.
- Vamos, Carla. Você tem muitas carências.