:48:03
Acordávamos todas as manhãs
com uma descarga de peixe podre
:48:06
despejada nas nossas cabeças.
:48:08
Casa, hum!
:48:10
Bem, quando eu digo casa,
refiro-me a um buraco no chão,
:48:14
coberto por um pano de oleado,
mas era uma casa para nós!
:48:19
Nós fomos despejados do nosso buraco no chão.
Tivemos de ir viver num lago!
:48:26
Sorte tua teres um lago!
:48:29
Nós éramos 150 a viver numa caixa
de sapatos no meio da rua!
:48:36
- Numa caixa de cartão?
-Pois!
:48:38
Sorte tua!
:48:41
Nós vivemos 3 meses num
jornal enrolado numa fossa séptica!
:48:47
Tínhamos de nos levantar todas
as manhãs às 6, limpar o jornal,
:48:50
e ir trabalhar para a fábrica
14 horas por dia,
:48:53
semana sim, semana não, por 6 cêntimos
à semana e, quando chegávamos a casa,
:48:57
o nosso pai espancava-nos
com o cinto para adormecermos!
:49:02
Um luxo!
:49:05
Nós tínhamos de nos levantar do lago
:49:07
às 3 da manhã, limpar o lago,
comer uma mão ceia de cascalho quente,
:49:10
trabalhar 20 horas por dia na fábrica,
por 2 cêntimos por mês, chegar a casa,
:49:14
e o nosso pai batia-nos na cabeça
e no pescoço
:49:16
com uma garrafa partida,
se tivéssemos sorte!
:49:21
Bem, claro que foi duro!
:49:24
Nós tínhamos de nos levantar da
caixa de sapatos a meio da noite,
:49:27
e limpar a estrada com a língua!
:49:31
Comíamos meia mão cheia
de cascalho gelado,
:49:34
trabalhávamos 24 horas por dia na fábrica
por 4 cêntimos cada 6 anos,
:49:37
e, quando chegávamos a casa, o nosso pai
cortava-nos em dois com a faca do pão.
:49:44
Podes crer!
:49:46
Eu tinha de me levantar de manhã
às 10 da noite,
:49:49
meia hora antes de me deitar,
comer um bocado de veneno frio,
:49:54
trabalhar 29 horas
por dia na fábrica
:49:56
e pagar ao dono da fábrica
pela permissão para trabalhar,
:49:58
e, quando chegávamos a casa,
o nosso pai matava-nos