:24:01
Sabes tudo. Tens 18 anos,
tens uma bolsa de estudo,
:24:05
és muito crescida, livre e eu sou um
ignorante que nunca te deu nada.
:24:10
- Nunca pedi nada.
- Pois, brilhante.
:24:12
Por que não consegues esquecê-la?
:24:15
- É tarde. Amanhã tens aulas.
- Não te esquives.
:24:18
- Ouve-me.
- Já passei por isto.
:24:21
Passas diariamente.
:24:24
Por que não percebes
que ela se foi embora e não volta?
:24:27
- Nunca há-de voltar.
- Cala-te.
:24:30
Por que não aceitas isso?
Foi-se embora.
:24:35
Por que não aceitas?
:24:40
Porque gosto dela.
:24:42
Eu também gostava dela.
:24:47
Mas ela não nos retribuía.
:24:54
Tentou, mas não foi capaz.
:24:59
Eu sabia. Sempre soube.
:25:03
Senti isso aos cinco anos.
:25:06
Lembras-te da vez
em que não veio para casa?
:25:10
Soube porquê,
quando tinha 14 anos.
:25:13
Tu tinhas 50 e não percebeste.
:25:15
Não podes continuar
a viver no passado.
:25:20
Ela é que nos deixou, não fomos nós a
ela. Não podemos fazer nada.
:25:28
Desde quando é que uma filha
sabe mais do que o pai?
:25:34
Tenho sido um parvo dum cego.
:25:37
Um parvo dum cego que
precisa de fazer a barba.
:25:41
Preciso de fazer a barba.
:25:47
É melhor ires para a cama.
Amanhã tens aulas.
:25:50
E eu também vou,
que amanhã tenho que fazer.