:34:04
Tentei dizer a mim próprio
que o enterrei vivo.
:34:09
Não sou veterinário.
:34:11
- Estava escuro.
- Claro que estava escuro.
:34:14
Mas a cabeça rodou no pescoço
como se tivesse rolamentos.
:34:18
Quando o moveu,
descolou-o do gelo.
:34:21
Parecia fita gomada
a descolar-se dum papel.
:34:25
Os seres vivos não fazem isso.
:34:28
O gelo onde jazemos
só pára de se derreter
:34:31
quando estamos mortos.
:34:33
Acho que estou a enlouquecer.
:34:42
Foi o sucateiro
que me falou daquele lugar.
:34:45
Era meio Micmac.
:34:48
Sabia o que eu gostava
do meu cão Spot.
:34:51
O Spot ficou preso em arame farpado.
As feridas infectaram.
:34:55
Quando ele morreu,
pensei que também eu morria.
:34:59
O sucateiro fez-me o mesmo favor
que eu lhe fiz ontem à noite.
:35:03
Só que eu não estava sozinho
quando o Spot voltou.
:35:06
Estava com a minha mãe.
:35:09
Ainda se viam nele
as marcas do arame farpado.
:35:15
Jud, vem buscar o teu cão!
:35:17
Tresanda ao chão onde o enterraste!
:35:22
O Spot voltou.
:35:24
Mas não era bem o mesmo cão.
:35:28
Quando morreu pela segunda vez,
durante a noite,
:35:31
enterrei-o no cemitério
dos animais,
:35:33
onde, como viu,
ainda jazem os seus ossos.
:35:35
Um homem nunca sabe
porque faz certas coisas.
:35:40
Acho que o fiz porque a Ellie
não está pronta para a morte do gato.
:35:45
Com tempo, aprenderá
o que a morte realmente é.
:35:48
É então que a dor pára
e começam as boas recordações.
:35:53
Já enterraram pessoas lá em cima?
:35:57
Não, por Deus todo poderoso!
Quem faria isso?