See No Evil, Hear No Evil
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:51:02
Quero que me ouças, está bem?
:51:07
Consegues ouvir-me?
:51:13
O quê?
:51:19
Ouvi qualquer coisa! Ouvi a tua voz!
:51:22
Ouviste-me?
:51:25
- Ouvi a tua voz!
- Consegues ouvir-me!

:51:28
- O quê?
- Tu consegues ouvir-me!

:51:31
Não, pateta!
:51:33
Sou surdo!
:51:35
Já percebeste?
:51:44
Não sou choramingas.
:51:46
- És choramingas.
- Adivinha o que tu és.

:51:49
O imbecil de um cego egoísta
que nega a sua cegueira.

:51:54
Que nega? Tu é que negas!
:51:57
Isto és tu: "Não sou surdo.
:51:59
Consigo ler lábios.
Não me chamem surdo."

:52:03
Que se lixe, sou cego. Estás a ouvir?
:52:06
Um estupor dum bêbado atropelou-me,
fui bater num extintor...

:52:10
e fiquei cego para toda a vida.
Ele apanhou seis meses de pena suspensa.

:52:14
Mas eu quero que se lixe.
Não me vou preocupar com ele.

:52:17
Que se lixe.
:52:18
Tu praguejas muito.
:52:20
- Que se lixe, tens razão.
- Que se lixe.

:52:22
Se algo te irrita, que se lixe.
:52:24
A tua mulher deixou-te? Lixa-la.
O patrão despediu-te? Lixa-lo.

:52:28
- Que se lixe, lixem-se.
- Que se lixe, tens toda a razão.

:52:32
É uma benção poder fazer isso.
:52:35
Eu não consigo. És um tipo com sorte.
:52:38
Que se lixe, muda.
:52:43
É fácil para ti dizer isso.
:52:45
Não é fácil para mim. Sou cego.
:52:49
Sim, mas quando caminhas pela rua,
as pessoas tocam-te.

:52:53
Quando se é surdo, não te tocam,
porque podem apanhar alguma doença.

:52:56
- Como se fosses um leproso.
- Estamos a ser um pouco amargos, não é?


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