Cyrano de Bergerac
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Eu movimentava-me num meio,
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tinha muitas decisões,
bastante complicadas, a tomar.

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- Decidi-me...
- Por qual?

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Pela mais simples de todas.
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Decidi ser admirável,
em tudo, por tudo!

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Mas agora, só a mim,
:24:15
diz-me o motivo do teu ódio por
Montfleury, o motivo verdadeiro.

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Odeio-o desde que ele
se permitiu

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assentar os olhos
sobre aquela...

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Julguei estar a ver
uma enorme lesma

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a deslizar por uma flor!
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Como? Seria possível?
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Que eu amasse?
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Eu amo.
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E pode saber-se?
Nunca me disseste?...

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Quem eu amo?...
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Reflecte, vejamos.
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O sonho de ser amado
mesmo por uma feia

:24:45
está-me interdito
por este nariz,

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que me precede um quarto de hora
em todos os lugares.

:24:50
Quem amo eu?
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Mas é fácil de saber!
Amo... teria que assim ser!

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- A mais bela que existe!
- A mais bela?...

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A mais fina, a mais brilhante,
a mais doce, Le Bret,

:25:01
que é também a mais culta.
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Meu Deus!
Compreendo. É claro.

:25:04
- É diáfano.
- Magdeleine Robin, a tua prima?

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Sim. Roxane.
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Pois bem! Tanto melhor!
Tu ama-la? Diz-lho.

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Hoje, cobriste-te de glória
aos olhos dela!

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Olha para mim, meu amigo,
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e diz-me que esperança me resta
com esta protuberância!

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Não tenho ilusões.
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Na verdade, sim, por vezes
enterneço-me ao luar.

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De longe, sigo com os olhos,
sob a luz de prata,

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uma mulher que dá o braço
a um cavaleiro.

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E imagino que para dar
um passeio ao luar,

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também eu gostaria de levar
uma a meu lado.

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Exalto-me, esqueço...
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E percebo, de repente, a sombra
do meu perfil no muro do jardim.

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Meu amigo!...
:25:47
Meu amigo, tenho más horas!
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Por me sentir tão feio,
por vezes, completamente só...

:25:56
- Choras?
- Não, isso nunca!

:25:59
Seria demasiado feio,

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