Cyrano de Bergerac
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De Guiche?
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... procurava impor-me
como marido...

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Fingido? Eu bati-me de facto
em duelo, prima,

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e tanto melhor se foi
não pelo meu vil nariz,

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mas antes pelos vossos
belos olhos.

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Depois eu queria...
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Mas para a confissão
que venho fazer,

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é necessário que reconheça
em vós o quase irmão

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com quem eu brincava,
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no parque, perto do lago!...
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Sim... sempre, pelo Verão,
vós íeis a Bergerac!

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Roxane, em saias curtas,
chamava-se Magdeleine.

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Eu era linda, nessa altura?
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Não éreis feia.
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Por vezes, caindo de uma árvore
e com a mão em sangue,

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vós corríeis para mim,
brincando às mamãs,

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e eu dizia com uma voz que
me esforçava que fosse dura:

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“O que é mais este arranhão?”
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É muito grande!
E esta?

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Não! Tendes de a mostrar!
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O quê? Com a vossa idade!
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Onde fizestes isto?
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A brincar, para os lados
da porta de Nesle.

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- Lutastes?
- Quase nada...

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Uma simples disputa...
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Contai-me, enquanto vos tiro
um pouco o sangue.

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- Quantos eram contra vós?
- Nem eram cem.

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- Contai!
- Não. Deixai.

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E vós, tratai de dizer o que,
quando entrastes,

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não ousastes dizer.
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Neste momento, ouso...
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Porque o passado me encoraja
com o seu perfume.

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Sim, agora ouso. Aqui está.
Amo alguém.

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Que não o sabe, aliás.
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Ainda não.
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Mas que vai, brevemente, sabê-lo,
se o não sabe.

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Um pobre rapaz que até agora
me amou timidamente,

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de longe,
sem o ousar dizer...

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Dai-me a vossa mão, vejamos,
ela tem febre...

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Mas eu vi, eu vi a confissão
tremer-lhe nos lábios.

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E imaginai, meu primo,

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