Cyrano de Bergerac
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:46:01
Uma pele que imediatamente
nos joelhos se suja?

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Fazer exercícios de flexão
dorsal?

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Não, obrigado!
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Não descobrir talento
senão nas pilecas?

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Ser aterrorizado
por vagas bisbilhotices?

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E dizer sempre:
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“Oxalá apareça nas páginas
do Mercure de France”?

:46:17
Não, obrigado!
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Calcular, ter medo,
estar pálido...

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Gostar mais de fazer uma visita
do que um poema?

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Redigir pedidos,
fazer-se apresentar?

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Não, obrigado!
Não, obrigado!

:46:29
Não, obrigado!...
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Mas cantar, sonhar, rir,
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caminhar, estar só,
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ser livre,
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ter olhos para ver bem,
voz vibrante,

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pôr o chapéu à banda,
quando assim agrada,

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bater-se por tudo
e por nada.

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ou fazer um verso!
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Trabalhar sem preocupação
de glória ou de fortuna.

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Para uma viagem,
em que se pensa, à Lua!

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Triunfando por acaso,
ficar com o mérito.

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Em suma, recusando ser
a hera parasita,

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mesmo que não se seja
o carvalho.

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Não subir muito alto, talvez,
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mas por si próprio!
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Em voz alta, mostras-te
orgulhoso e amargo,

:47:28
mas, só para mim,
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diz-me muito simplesmente
que ela não te ama!

:47:36
Cala-te...

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