Cyrano de Bergerac
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Pensais que vou comer
os vossos restos?

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- Fazeis progressos!
- Vou bater-me em “jijum”!

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Em “jijum”!
Já tem o sotaque!

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- Eu?
- É um dos nossos!

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- Não saias daqui!
- Aonde vais?

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Espera-me...
Fica em segurança!

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- Por que vieste? Porquê?
- Por causa das cartas.

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- Por umas meras cartas de amor.
- Não digas mais!

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Foram tantas as que me escreveste
e cada vez mais belas!

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Não podes imaginar! Meu Deus,
eu adorava-te, é verdade,

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desde a noite em que,
com uma voz que eu desconhecia,

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por baixo da minha janela,
a tua alma se deu a conhecer...

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Mas as tuas cartas, bem vês,
é como se durante este mês

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eu estivesse sempre a ouvir
a tua voz.

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Sim, eu lia, relia,
folheava, era tua, Christian!

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O teu amor queimava-me.
Peço desculpa pela frivolidade

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de ter começado a amar
pela tua beleza!

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Mas depois,
arrastada pela tua alma,

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amava-te pelas duas razões
ao mesmo tempo!

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E agora?
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Pois bem! Tu triunfaste
sobre ti próprio.

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- E é já só pela tua alma que te amo.
- Não!

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A beleza que em ti de início
me agradou,

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agora olho melhor...
e já não a vejo!

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Duvidas ainda
de uma tal vitória...

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Compreendo, não podes
acreditar neste amor?...

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Não quero esse amor!
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O que eu quero é, muito
simplesmente, ser amado pelo...

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Pelo que elas amaram
em vós até agora?

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Deixai-vos, então, ser amado
de uma maneira melhor!

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- Não! Era melhor como antes!
- Não percebeis nada!

1:46:59
Agora é que amo melhor,
que amo bem!


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