Cyrano de Bergerac
anterior.
apresentar.
marcadores.
seguinte.

1:46:00
- Por que vieste? Porquê?
- Por causa das cartas.

1:46:03
- Por umas meras cartas de amor.
- Não digas mais!

1:46:05
Foram tantas as que me escreveste
e cada vez mais belas!

1:46:07
Não podes imaginar! Meu Deus,
eu adorava-te, é verdade,

1:46:10
desde a noite em que,
com uma voz que eu desconhecia,

1:46:12
por baixo da minha janela,
a tua alma se deu a conhecer...

1:46:15
Mas as tuas cartas, bem vês,
é como se durante este mês

1:46:18
eu estivesse sempre a ouvir
a tua voz.

1:46:21
Sim, eu lia, relia,
folheava, era tua, Christian!

1:46:24
O teu amor queimava-me.
Peço desculpa pela frivolidade

1:46:27
de ter começado a amar
pela tua beleza!

1:46:29
Mas depois,
arrastada pela tua alma,

1:46:32
amava-te pelas duas razões
ao mesmo tempo!

1:46:33
E agora?
1:46:35
Pois bem! Tu triunfaste
sobre ti próprio.

1:46:37
- E é já só pela tua alma que te amo.
- Não!

1:46:41
A beleza que em ti de início
me agradou,

1:46:43
agora olho melhor...
e já não a vejo!

1:46:45
Duvidas ainda
de uma tal vitória...

1:46:47
Compreendo, não podes
acreditar neste amor?...

1:46:50
Não quero esse amor!
1:46:52
O que eu quero é, muito
simplesmente, ser amado pelo...

1:46:53
Pelo que elas amaram
em vós até agora?

1:46:55
Deixai-vos, então, ser amado
de uma maneira melhor!

1:46:57
- Não! Era melhor como antes!
- Não percebeis nada!

1:46:59
Agora é que amo melhor,
que amo bem!

1:47:01
É o que faz de ti o que tu és,
compreendes,

1:47:02
que eu adoro,
e menos belo...

1:47:04
- Cala-te!
- Continuaria a amar-te!

1:47:05
Mesmo que a tua beleza,
de repente, desaparecesse..

1:47:07
- Não, não digas isso!
- Sim, digo.

1:47:10
O quê? Mesmo feio?
1:47:13
Sim, feio, juro!
1:47:57
- Que se passa? Estás pálido!
- Ela já não me ama!

1:47:59
- O quê?
- É a ti que ela ama!


anterior.
seguinte.