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É muito possível.
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Santo Deus! A fingir?
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Nunca uma paixão fingida
se pareceu tanto com uma verdadeira,
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como no caso dela.
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Pois então...
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como manifesta ela tal paixão?
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Esse isco bem posto.
O peixe vai morder!
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Como a manifesta, meu senhor?
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- A minha filha disse-vos.
- É verdade.
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Como? Dizei-me.
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Muito me surpreendeis!
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Eu diria que se trata de uma farsa,
não fora este ancião tê-lo dito.
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- Ela já lhe revelou o que sente?
- Não, e jurou nunca o revelar.
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Sofre tormentos.
Levanta-se vinte vezes numa noite
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e senta-se a escrever
até encher uma folha de papel.
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Depois, cai de joelhos.
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Chora, soluça, bate no peito,
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arrepela os cabelos, exclama:
"Meu querido Benedick!
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"Deus me dê paciência!"
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É verdade. É o que diz minha filha,
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que teme que ela atente
contra a própria vida, em desespero.
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É verdade.
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- Benedick devia ser informado.
- Para quê?
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- Iria atormentá-la ainda mais.
- Tenho pena dela.
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Contai tudo a Benedick
e vede o que ele diz.
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Será prudente?
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Hero pensa que ela morrerá, pois
jura que morre se ele não a amar,
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que prefere morrer a revelar que o ama,
e que morrerá se ele a cortejar.
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Se ela lhe revelar o que sente,
é possível que ele a despreze,
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pois é um homem desdenhoso.