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- Há forma de demonstrar tal amizade?
- Forma, há. Pessoa amiga, não.
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- Poderá um homem tentar?
- É ofício de homem, mas não o vosso.
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O que mais amo neste mundo sois vós.
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Não é estranho?
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Tão estranho como aquilo que ignoro.
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Eu também posso dizer que
o que mais amo no mundo sois vós.
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Mas não acrediteis.
Todavia, não estou a mentir.
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Não confesso nem nego nada.
Tenho pena da minha prima.
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Pela minha espada, Beatrice,
tu amas-me.
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- Não jureis por ela. Engoli-a.
- Juro por ela que me amas
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e terá de a engolir
quem disser que eu não te amo.
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- Então, que Deus me perdoe.
- Que ofensa, querida Beatrice?
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Detivestes-me em boa hora.
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- Ia dizer que vos amava.
- Diz, de todo o coração.
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O meu coração ama-vos tanto
que nem tem forças para o dizer.
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Ordena-me que faça por ti
o que quiseres.
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Matai Claudio.
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Por nada deste mundo.
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Matais-me com essa recusa. Adeus.
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Já aqui não estou, estando.
Não há amor em vós.
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- Deixai-me!
- Beatrice!
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- Vou-me!
- Antes, seremos amigos.
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Achais mais fácil ser meu amigo
do que enfrentar os meus inimigos?
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- Claudio é teu inimigo?
- Não é ele um tratante
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que caluniou, humilhou
e desonrou a minha prima?
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Se eu fosse homem!
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Ele levou-a pela mão,
quando as mãos iam unir-se,
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e acusou-a publicamente
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com uma desfaçatez
e um rancor impiedosos...