1:23:01
	Qualquer semelhança
com uma pessoa viva
1:23:04
	deve ser estritamente
coincidente.
1:23:08
	Deixa-me mostrar-te uma coisa.
1:23:10
	Onde ia eu...? Gostava
de me apaixonar pelo amor.
1:23:25
	E cá estamos,
na minha cinemateca!
1:23:37
	À nossa frente:
1:23:39
	o Grande Ecrã!
1:23:44
	Ou o que resta dele...
1:23:53
	A sala de projecção,
1:23:55
	que também é
apenas recordação.
1:24:00
	As imagens já não são
o que eram.
1:24:04
	Já não se pode confiar nelas.
1:24:07
	Todos o sabemos
e tu também sabes.
1:24:10
	Dantes as imagens contavam
histórias e mostravam coisas,
1:24:15
	agora só pretendem vender,
1:24:17
	histórias e coisas.
1:24:20
	Mudaram
sob dos nossos próprios olhos.
1:24:22
	Já nem sequer sabem
mostrar as coisas!
1:24:25
	Esqueceram-se simplesmente.
1:24:27
	As imagens estão a vender
o mundo ao desbarato.
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	Quando vim para Lisboa
fazer este filme,
1:24:39
	julguei que conseguia
fugir a isso.
1:24:43
	Falámos sobre isso, lembras-te?
1:24:45
	Queria filmar a preto e branco,
com uma máquina manual...
1:24:50
	como o Buster Keaton
em " The Cameraman".
1:24:53
	Percorrendo as ruas sozinho,
um homem com a sua máquina...
1:24:57
	- e viva Dziga Vertov!