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	... se a vida se estivesse
a escoar das coisas.
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	E eu filmava e filmava,
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	mas a cada rodar da manivela,
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	a cidade recuava mais e mais,
afastando-se mais e mais
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	como o Gato Sorridente,
da Alice.
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	Estava a tornar-se insustentável.
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	Desmoralizou-me imenso.
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	Foi aí que te pedi que viesses.
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	E durante algum tempo,
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	vivi a ilusão de que o SOM
podia resolver tudo,
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	que os teus microfones poderiam arran-
car as minhas imagens à sua escuridão.
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	Mas é escusado.
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	É tudo escusado, Wnter!
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	Escusado!
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	Mas há uma maneira
e estou a trabalhá-la.
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	Ora ouve!
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	Uma imagem que não foi vista
não pode vender nada.
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	É pura,
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	e por conseguinte,
verdadeira e bela.
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	Numa palavra: é inocente.
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	Enquanto nenhum olhar
a contaminar,
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	permanece em uníssono
com o mundo.
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	Se não for vista,
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	a imagem e o objecto que esta
representa, permanecem juntos.
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	Sim, é apenas quando
olhamos para a imagem,
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	que a coisa...
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	que ela contém...
morre.