Lisbon Story
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... se a vida se estivesse
a escoar das coisas.

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E eu filmava e filmava,
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mas a cada rodar da manivela,
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a cidade recuava mais e mais,
afastando-se mais e mais

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como o Gato Sorridente,
da Alice.

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Estava a tornar-se insustentável.
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Desmoralizou-me imenso.
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Foi aí que te pedi que viesses.
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E durante algum tempo,
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vivi a ilusão de que o SOM
podia resolver tudo,

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que os teus microfones poderiam arran-
car as minhas imagens à sua escuridão.

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Mas é escusado.
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É tudo escusado, Wnter!
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Escusado!
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Mas há uma maneira
e estou a trabalhá-la.

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Ora ouve!
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Uma imagem que não foi vista
não pode vender nada.

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É pura,
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e por conseguinte,
verdadeira e bela.

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Numa palavra: é inocente.
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Enquanto nenhum olhar
a contaminar,

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permanece em uníssono
com o mundo.

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Se não for vista,
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a imagem e o objecto que esta
representa, permanecem juntos.

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Sim, é apenas quando
olhamos para a imagem,

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que a coisa...
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que ela contém...
morre.


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