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Como posso ser um vilão...
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...quando dou graciosamente
um conselho tão honesto...
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...sensato, e que deveras é
o meio de convencer o mouro?
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Sua alma está tão acorrentada
ao amor de Desdemona...
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...que ela pode fazer, desfazer,
agir como quiser...
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...enquanto o apetite comanda,
qual deus, as fraquezas do mouro.
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Como posso ser vilão,
quando aconselho Cassio...
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...a seguir esse caminho que
o levará a seu próprio bem?
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Divindade do inferno!
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Quando demônios preparam os pecados
mais negros, sugerem-nos antes...
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...com visões paradisíacas,
como fiz agora.
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Pois, enquanto este honesto boçal
convence Desdemona a socorrê-lo...
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...e ela intercede com
veemência por sua sorte...
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...eu derramarei meu veneno
no ouvido do mouro...
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...dizendo que ela o repele
movida por luxúria...
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...e ela, ao batalhar
pelo bem de Cassio...
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...perderá o crédito
que tem com Othello.
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Assim, transformarei a sua virtude...
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...em betume...
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...e, com o fio de sua bondade...
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...farei a teia...
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...que vai...
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...enredá-los a todos.
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Como vai, Roderigo?
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A perseguição aqui me traz...
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...não como um cão que caça...
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...mas um que só aumenta a matilha.
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Meu dinheiro está no fim...
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...levei uma coça excelente
esta noite...
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...e acho que, em conclusão...
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...ganharei mais experiência
por meu sofrimento.