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SOLTEIRO DO ANO
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Mas obrigado fica o Montéquio,
como eu, iguais na pena.
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E duro não é, acho eu, que homens
co'a nossa idade preservem a paz.
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De honrado acordo estais ambos, e pena
é tão longo terdes vivido em desavença.
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Mas agora, caro senhor,
que me dizeis do meu caso?
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Nada senão o que disse antes:
qu'estranho é 'inda o mundo, p'ra minha filha.
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Que mais dois verões se esvaiam
antes de podermos tê-la por noiva.
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Mais jovens se fazem mães felizes.
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E cedo demais se casam
as que tão cedo o são.
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Hoje à noite, um baile
de máscaras de tradição.
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Em minha modesta casa vereis esta noite
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frescas flores que o escuro céu
hão-de invadir de luz celestial.
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Escutai todas, vede todas,
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e mais havereis de gostar
daquela que mais mérito tiver.
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Vá, vinde comigo.
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Diz-me em tristeza,
quem é que amas tu?
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Em tristeza, primo, eu amo uma mulher.
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Alvo tão perto fiz
quando vos julguei de amores.
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Um excelente atirador!
E bela é a que eu amo.
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Um bom alvo, bom primo,
mais pronto se atinge.
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Pois bem, nisso errais vós.
Atingi-la não logra a flecha de Cupido;
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nem o encontro d'olhos
que de a crivar não deixam,
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nem se rende seu colo
ao ouro sedutor de santos.
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Jurou ela então
em castidade viver?
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Jurou, e nesse sacrifício
enorme faz seu desperdício.
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- Esquecei-vos de nela pensar. - Ensinai-me
como de pensar hei-de esquecer-me.
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Aos vossos olhos dando
liberdade. Examinai outras belezas.
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Porquê, Romeu, haveis de ser doido?
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Doido não,
mas bem mais preso que qualquer doido.
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Na prisão enclausurado, sem alimento
mantido, zurzido e atormentado.
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Bom dia, meu velho.
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NENHUM TALÃO, NENHUMA ARMA
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Ora sem perguntardes vos digo.
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O ricaço Capuleto
dá um baile de máscaras.
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Uma bela assembleia.
Senhor Placêncio, sua mulher e filhas,
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a viúva d'Utrúvio,
e suas formosas sobrinhas Rosalina...
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A esta vetusta festa
dos Capuletos irá a bela Rosalina,
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que vós tanto amais,
com todas as prezadas belezas de Verona.
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Se não sois da Casa de Montéquio,
vinde e vazai um vaso de vinho!