:19:01
	P'ra acabar não mais
que outra esposa só e perdida
:19:05
	Contam-se os anos
:19:06
	E de lágrimas eles se atestam
:19:13
	Corações jovens
:19:14
	Correi livres
:19:17
	Não vos deixeis nunca suster
:19:18
	CONVITE PARA BAILE DE MÁSCARAS
:19:19
	Como a Rosalina e vós.
:19:24
	Mas, gentil Romeu,
hemos de vos ver dançar.
:19:27
	Eu não. Eu não, acreditai.
:19:28
	Tendes sapatos de dança,
almas ligeiras. Eu, alma de chumbo.
:19:32
	Sois um amante.
:19:33
	Tomai as asas de Cupido e com elas
singrai acima de um comum confim.
:19:36
	Sob o pesado fardo do amor me afundo.
:19:39
	Demasiada pressão p'ra coisa terna.
:19:41
	Coisa terna é, o amor? Duro é, demais,
:19:43
	e demais bruto, e turbulento,
e que nem espinho pica.
:19:46
	Se o amor vos maltrata,
maltratai vós o amor.
:19:48
	Lacera o amor, lacerai-o vós
e o amor derrotareis.
:19:53
	Homens todos, vergai-o
sobre suas pernas!
:19:55
	Adiante, que a luz do dia queimamos!
:20:00
	- Mas esperteza não é ir!
- Porquê, pode perguntar-se?
:20:03
	- Sonhei um sonho, esta noite.
- E eu também.
:20:05
	- E que era o vosso?
- Que muitas vezes mentem os sonhadores.
:20:07
	Na cama, a dormir,
enquanto a verdade sonham.
:20:10
	Oh! Pois vejo então
que convosco esteve a Rainha Mab.
:20:14
	É ela a parteira das fadas,
:20:16
	e aparece em forma
não maior que uma pedra de ágata
:20:19
	em dedo indicador de regedor,
:20:22
	cobrindo com um grupo
de minúsculos átomos
:20:26
	os narizes de homens deitados a dormir.
:20:30
	O seu carro de guerra é
uma noz oca de avelã,
:20:34
	puxada por mosca
miúda de traje cinzento.
:20:38
	E neste estado galopa ela
noite-a-noite por cérebros de amantes,
:20:43
	que então sonham com...
:20:46
	o amor;
:20:47
	sobre dedos de juristas,
que logo sonham com seus honorários.
:20:50
	Ela às vezes atropela
o pescoço de um soldado,
:20:53
	e sonha ele então
com cortar gargantas alheias;
:20:56
	e, logo assustado, diz
uma oração ou duas, e volta a dormir.