:10:01
Vamos a ver, César.
Sabes porque estás aqui?
:10:05
-Porque uso uma máscara, suponho.
-Não.
:10:08
Estás aqui porque
mataste uma pessoa.
:10:11
Ou não te lembras?
:10:13
Diz-me, não te lembras?
:10:15
Merda, pare!
:10:16
Temos que deixar as coisas claras
se queres que nos entendamos.
:10:19
Não quero que nos entendamos!
:10:21
E esta é a solução, ficar sem
falar, fechado nesta pocilga?
:10:24
-Não estamos a falar?
-Depois de dois meses.
:10:30
Estou aqui há dois meses,
a arrancar-te as palavras.
:10:32
-Leia os relatórios.
-Já os li.
:10:34
Mas quero que sejas tu a cantar,
Sentado numa cadeira, se possível.
:10:37
Vais ficar sempre assim?
:10:39
Eu gosto do chão.
:10:42
É a única coisa que
me parece real.
:10:45
E o que te parece o resto?
:10:48
Tudo o resto é mentira.
:10:50
Tudo me parece uma mentira.
:10:52
Incluindo você.
:10:53
Nem sequer usa bata.
:10:56
Achas que devia usar bata?
:10:58
Os médicos usam.
:11:00
Tirei-a para que te
esquecesses que sou médico.
:11:02
Para que gostasses
mais de mim.
:11:04
Não funciona. Gosto tanto de
si como de levar no cu.
:11:12
Agora que somos tão amigos,...
:11:14
-Não tenho amigos.
-...Diz-me o que se passou.
:11:17
Quanto mais depressa falares,
mais depressa irei embora.
:11:38
Hey! Felicidades e tudo
aquilo que se costuma dizer.
:11:42
Obrigado, Obrigado.
:11:45
-E ela, onde a encontraste?
-Na biblioteca da escola.
:11:48
-Tentou roubar-me um livro.
-O livro era meu.
:11:50
Bem...
:11:51
-César, Sofia.
-Olá.
:11:55
Feliz Aniversário.
:11:56
-Obrigado.
-Olha o teu presente.
:11:58
-Muito obrigado.
-Comprámos os dois.