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Estes papéis,
peço-lhe que os examine,
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são parte de um manifesto de carga
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que encontrei no Amistad,
ontem mesmo.
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À primeira vista,
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parece que vêm fortalecer
a tese defendida pela acusação.
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É que são uma listagem de carga.
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Carga a que se atribuiu
os mesmos nomes espanhóis
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que Ruiz e Montes
dizem ser dos meus clientes.
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Nomes rabiscados nas margens.
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Mas vejam, isto não é, de forma
alguma, o manifesto do Amistad!
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É parte do manifesto de carga
de um navio português,
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o célebre navio negreiro
transatlântico, o Tecora.
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O Tecora.
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Eu posso chamar a depor
inúmeras testemunhas
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na Costa do Marfim e na Serra Leoa.
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Eu sei o que estão a pensar.
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A Serra Leoa
é um protectorado britânico.
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A escravatura foi banida.
O seu porto principal
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até foi rebaptizado Freetown
(Cidade Livre).
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Como pode o Tecora praticar
comércio de escravos naquelas águas?
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Eu digo-vos.
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Numa palavra:
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ilegalmente.
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O que estes homens dizem não importa.
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Isto prova que são mentirosos.
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A viagem dos meus constituintes
não começou em Havana, como dizem.
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Eles sabem que a viagem
dos meus constituintes...
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... começou muito, muito mais longe.
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Eu subestimei-o. Realmente!